quarta-feira, 17 de abril de 2013

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL : MITO, CONTRADIÇÃO, PARADIGMA E PERCEPÇÕES - Um conceito da produção e consumo capitalista - Desenvolvimento sustentável segmentado não é possível - A visão cartesiana não corresponde à realidade - Vida Sustentável, ao invés de Desenvolvimento Sustentável - Vida Sustentável é possível aos seres humanos, à vida e ao planeta - A ilusão da visão objetiva da realidade fracassou - Infoera : a era do conhecimento, mas qual conhecimento ?....Texto inédito como postagem simples - Primeira parte

"Pensar a partir de relações é aprender a "pensar como pensa a natureza", o que nos ajudaria a viver em harmonia no nosso planeta."

"DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL : MITO, CONTRADIÇÃO, PARADIGMA E PERCEPÇÕES"

PRIMEIRA PARTE

Publicado como pdf, juntamente com outros textos que resumiram os conteúdos da Agenda 21 Paraná, em 1997. A autora autorizou a publicação inédita na forma de postagem simples, neste blog, em 2013. Aguarde a segunda parte inscrevendo o seu email em Grupo Ambiente Ecológico

Publicado na íntegra. Os sub-titulos foram criados pelo editor


Por Iria Zanoni Gomes



Repensar a relação do Homem com a Natureza
Desde a Eco 92, o desenvolvimento sustentável tem sido colocado como objetivo a ser alcançado pela sociedade e governo juntos, o que significa estabelecer limites e atitudes para assegurar a vida no planeta, através da preservação das riquezas naturais e do melhoramento da qualidade de vida das populações. Para alcançar este objetivo, a Agenda 21 Paraná tem enfatizado a necessidade de mudança de atitude, no sentido de repensar a relação do Homem com a Natureza e consigo mesmo, para construir, coletivamente, um futuro melhor para todos.

Mudanças de percepções, de valores e reflexão
Quando falamos em mudança de atitude, estamos nos referindo à mudança de consciência, ou seja, mudança de percepção, de valores, de modos de viver, de escolhas. Eu perguntaria: é possível discutir mudança de consciência sem passar por uma reflexão dos pressupostos da visão de mundo predominante e que orienta nossas escolhas desde o século XVII? Visão fundamentada no desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico e que se transformou na própria ideologia do capitalismo, apesar do pressuposto de ciência objetiva, neutra, expressão da Razão, que nos possibilitaria, enfim, conhecer tudo e ser felizes? Além disso, quando falamos em desenvolvimento sustentável não estamos partindo do pressuposto de que desenvolvimento tem a conotação de crescimento, de transformação em algo colocado a priori? Estou pensando nas intensas discussões, nas décadas de 1960 e 1970, a respeito do conceito de desenvolvimento: crescimento econômico x distribuição social, desenvolvimento x subdesenvolvimento, nações centrais x nações periféricas, sociedades tradicionais x sociedades modernas, desenvolvimento x marginalidade, marginalidade x trabalho assalariado x pobreza etc.

Contradições
Teoricamente, as discussões se fundamentavam na teoria da modernização e, predominantemente, na teoria da dependência. As contradições do desenvolvimento capitalista eram evidenciadas nas desigualdades econômicas e sociais dentro de um país e entre países, numa relação de dependência, dos países periféricos/subdesenvolvidos aos países centrais/desenvolvidos. Contradições, aliás, que o Capitalismo Mundial e Integrado, hoje chamado de globalizado, só acentuou, com um agravante: a destruição do meio ambiente natural.

O consumo e a produção capitalista destroem
A proposta atual de desenvolvimento sustentável nasce da situação limite que vivemos hoje e que coloca em risco a sobrevivência da humanidade enquanto espécie e de toda a vida no planeta. Mas, não podemos esquecer que essa crise foi gestada no processo de construção da subjetividade capitalista e que, hoje, as contradições econômicas e sociais se acentuaram e a destruição da natureza não é apenas mais uma contradição, mais um problema. É resultado do padrão de produção e consumo predominante no modo de produção capitalista que explora, domina e destrói os seres humanos e a natureza da mesma forma.

Relação direta entre o conceito de desenvolvimento sustentável e o interesse capitalista
Levando em conta essa situação, gostaria de levantar algumas questões para reflexão: quando pensamos em desenvolvimento sustentável não estamos continuando a refletir dentro da lógica capitalista, apenas incorporando agora a sustentabilidade? Não é ainda o desenvolvimento a "variável" básica à qual se acrescenta a sustentabilidade? As ações, os programas, os projetos sustentáveis, não têm como requisito básico a agregação de valor? O lucro, o "crescimento econômico" não é ainda o essencial? A sustentabilidade é incluída se ela não gerar lucro? Ou seja, como pensar em desenvolvimento sustentável, se historicamente desenvolvimento tem a conotação de desenvolvimento capitalista? E, se desenvolvimento tem relação com o padrão de produção e de consumo capitalista vigente em nossa sociedade, a sustentabilidade, seja social ou ambiental, não implicaria romper com este padrão?

Em vez de desenvolvimento sustentável, "vida sustentável"
Não pretendo responder a essas questões, mas penso que ajudariam na reflexão da questão da sustentabilidade enquanto requisito para a continuidade da vida no planeta. Neste sentido, ao invés de desenvolvimento sustentável - onde nas suas origens desenvolvimento tem uma conotação econômica e social e sustentabilidade uma conotação ambiental -, gostaria de pensar a construção de uma vida sustentável neste planeta.
Para refletir sobre os nossos desafios, enquanto seres enraizados no planeta terra, tomarei como referência o físico Fritjof Capra, que considero um dos cientistas mais comprometidos em propor alternativas para a construção de uma vida sustentável¸ que garanta nossa sobrevivência e a das gerações futuras.

O capitalismo, em si mesmo, é insustentável, segundo Capra
Para Capra, o capitalismo global na sua forma atual é insustentável, pois contradiz a concepção de que sustentabilidade é a responsabilidade de repassar para nossos filhos, netos e as futuras gerações um mundo com tantas oportunidades quanto as que nós recebemos. Hoje, quando se fala em crise ecológica, não se está apenas fazendo referência ao meio ambiente. Está se falando da crise do sistema capitalista, construído pari passu ao projeto da modernidade. O modo de produzir e consumir dominante em nossa sociedade é que transformou insustentável a vida no planeta, seja do ponto de vista pessoal, social ou da natureza.

Com novas percepções e valores, seria possível
Para construir uma vida sustentável é necessário que a organização social e a nossa relação com a natureza sejam transformadas. Isso implica escolhas políticas mais do que escolhas econômicas. Implica, também, a construção de uma nova percepção de mundo, de novos valores, atitudes, estilos de vida, novas formas de organização social e de relação com a natureza, uma nova consciência.
Segundo Capra, vivemos hoje
(....) uma crise complexa, multidimensional, cujas facetas afetam todos os aspectos de nossa vida - a saúde e o modo de vida, a qualidade do meio ambiente e das relações sociais, da economia, da tecnologia e política. É uma crise de dimensões intelectuais, morais e espirituais,( ....).
Não é apenas uma crise energética, ambiental, social, urbana ou populacional. É uma crise planetária decorrente da situação deteriorada do meio ambiente, das relações sociais e individuais, que coloca em questão nossa maneira de viver, que tem se transformado num risco a nossa sobrevivência enquanto espécie, bem como a toda a vida no planeta.
Para Capra, trata-se de uma crise de percepção. Não do ponto de vista intelectual, mas como consciência de nossa integração com o universo: percebemos a realidade e atuamos nela a partir de uma visão fragmentada, herança da visão mecanicista cartesiana - ênfase no método científico e no pensamento racional - quando o mundo já não pode mais ser entendido a partir dessa perspectiva.

A Ciência, o primado da Razão e da Ética e o desencantamento do mundo
Levando em conta que em todas as épocas predomina uma visão de mundo (mitológica, religiosa, científica), que dá sentido às ações dos homens, o pensamento científico (que nasce no final do século XVI, início do século XVII e se impõe no século XVIII com o Iluminismo) se tornou o fundamento da visão predominante nos últimos quatro séculos.
A ciência clássica nasce com um projeto de desencantamento do mundo, expressão do projeto da modernidade, que repousa no primado da razão, da ética do trabalho, da fé no futuro e no progresso tecnológico. Este projeto transformou a natureza em um autômato e o homem num ser estranho ao seu ambiente. Criou um mundo onde o sensível, o gosto, a magia, o religioso, a intuição foram alijados, o que significa dizer que o mundo da ciência separou-se do mundo da vida.
Weber se refere ao desencantamento do mundo como resultado do processo de intelectualização/racionalização que acompanha a modernidade: a racionalização do mundo se fundamenta no pressuposto de que tudo o que existe e acontece, (....), é regido por leis que a ciência pode conhecer e que a técnica pode dominar; e nada existe que não seja previsível. Para tudo o que existe há uma explicação científica. É um mundo, portanto, totalmente desprovido de sentido.

A ilusão da visão objetiva da realidade
Para Weber, a ética protestante, que se instala com a Reforma, é o início desse desencantamento, que só vai se realizar plenamente na lógica da economia capitalista. Lógica que tem seu fundamento na "imagem científica do mundo", que lhe dá o elemento fundamental para seu desenvolvimento: o conhecimento. Conhecimento que se constrói sobre dois pilares: um sistema tecno-econômico e um sistema burocrático-administrativo, sustentados pela ilusão da visão objetiva da realidade.

Um projeto que fracassou
Um dos fracassos desse projeto é que ele não ofereceu respostas para as questões existenciais dos homens, não ofereceu espaço para a sensibilidade. E, mais que tudo, foi instrumento, enquanto visão de mundo, da construção de práticas espoliadoras, expropriadoras e destruidoras dos seres humanos e da natureza. Toda a discussão sobre a crise da racionalidade tem como pressuposto a constatação de que a ênfase no método científico e no pensamento racional, não só foi incapaz de construir uma sociedade de bem-estar econômico e social conforme se acreditava, como levou a humanidade a atitudes e modos de vida profundamente anti-ecológicos.

A era do conhecimento....mas qual conhecimento ?
Hoje se fala em sociedade do conhecimento. Não vou discutir aqui as inúmeras implicações que a crença no conhecimento científico, como orientador das escolhas na nossa sociedade, gerou. Quero apenas destacar alguns pressupostos que considero fundamentais para entender a relação entre a ciência e o processo de construção do modo capitalista de produzir e consumir, modo de produção e consumo responsável pela deterioração das relações sociais, individuais e dos ecossistemas, pois, como afirma Francisco Mendonça, o modelo de desenvolvimento moderno que marca a história do Ocidente constrói e destrói paulatinamente a natureza e a sociedade (....). Ou seja, o modelo de desenvolvimento moderno é o modelo capitalista, cuja subjetividade se expressa na ganância, na busca do lucro, na acumulação material, na espoliação, expropriação e destruição da natureza e dos homens entre si.

Entender os pressupostos do pensamento clássico para é importante
Quando Capra fala em crise de percepção, está falando em crise da subjetividade capitalista. Subjetividade construída em íntima conexão com os pressupostos da ciência moderna e da revolução industrial, com o projeto de modernidade que significou o desencantamento do mundo e que se fundamenta em valores, princípios, crenças etc., que levaram a escolhas destrutivas do ecossistema planetário (sociedade e natureza). Neste sentido, entender os pressupostos do pensamento científico clássico é importante porque eles nos permitem refletir sobre a necessidade de mudança de percepção se quisermos trilhar outros caminhos.

A separação Homem/Natureza
O primeiro pressuposto, que tem íntima relação com a questão ambiental, é a separação Homem/Natureza. A ciência clássica percebe a natureza como um autômato transformando-a em objeto de observação e manipulação. O primeiro diálogo da ciência com a natureza foi experimental: observar, compreender, modificar. Conhecimento se transformou em sinônimo de manipulação. Claro que a ciência teve sucesso: descobriu acordos entre hipóteses teóricas e respostas experimentais, o que contribuiu muito para nos relacionarmos com a realidade.
Mas o sucesso da ciência moderna se fundamentou na idéia de uma natureza morta e passiva, desqualificando as visões das tradições e as questões que os homens colocavam a respeito de sua relação espiritual com a natureza. Isso significou negar a complexidade e o devir, afirmando um mundo eterno, passível de ser conhecido a partir de leis simples e imutáveis, através da razão.

A visão cartesiana aplicada à natureza
Uma das conseqüências dessa separação foi a concepção de que o Universo é um sistema mecânico composto de objetos separados, que para ser conhecido deve ser reduzido a suas unidades materiais elementares. Essa visão foi estendida a todos os sistemas vivos: biológicos, sociais, ecossistemas, levando a uma fragmentação do conhecimento e das práticas da vida. Fundamentou ainda a atitude de exploração do meio ambiente natural como se ele fosse fragmentado, atitude também responsável pela degradação ambiental hoje no planeta.

A dominação da natureza e a dominação entre os homens
Por outro lado, a exploração da natureza foi acompanhada pela exploração dos homens entre si. Em sua obra, Manuscritos Econômicos e Filosóficos, Marx afirma que a forma como os homens tratam a natureza tratam os outros homens. A natureza passou a ser vista como selvagem e perigosa, que deveria ser conhecida para ser dominada, explorada, manipulada. A dominação, manipulação, exploração estendeu-se aos seres humanos, pois, tratando-se do modo de produção capitalista, a dominação, a exploração e a manipulação têm sido o padrão predominante em todas as relações: da natureza aos seres humanos.

O pressuposto da separação matéria/espírito e mente/corpo
Outro pressuposto foi a separação matéria/espírito, que se expressou na afirmação de que a essência da realidade é o mundo material. A ênfase no mundo material teve como conseqüência modos de viver que enfatizam o ter em detrimento do ser, a crença no progresso material ilimitado a ser alcançado através do crescimento econômico e tecnológico, a concepção de que a vida em sociedade é uma luta competitiva pela sobrevivência. Este é um dos fundamentos do modo de ser capitalista, onde a tecnologia tem sido instrumento de controle, de padronização, de produção e de consumo de massa.
A separação matéria/espírito significou, ainda, a separação mente/corpo. Descartes relaciona o existir ao pensar. Todos conhecemos seu enunciado "penso, logo existo", cuja conseqüência foi a ênfase no pensamento racional, na Razão, tão bem expressa pelo Iluminismo. E, ao conhecimento científico, campo por excelência do conhecimento racional, foi atribuído o estatuto de Verdade: objetiva, neutra, a única e melhor maneira de descrever e explicar a realidade. A ciência se tornou instrumento de conhecimento e de controle da realidade: as ciências naturais, conhecimento e controle da natureza; as ciências humanas e sociais, conhecimento e controle do homem e da sociedade. As ciências do homem se dividiram em ciências da mente e ciências do corpo e foram acompanhadas por uma fragmentação cada vez maior, as especializações. Em nome da ciência muitas escolhas foram feitas. Escolhas que têm nos levado à situação limite que vivemos hoje no planeta, cujas dimensões Capra tão bem coloca em sua obra "O ponto de mutação".

A visão utilitarista do mundo
Cabe ressaltar, ainda, que a forma de lidar com o conhecimento e com as práticas da vida tem se orientado pelo pressuposto da separação entre sujeito/observador e objeto. Este pressuposto alimentou a ilusão de que a realidade é separada não só do observador/cientista, do observador/especialista, mas de nós enquanto seres que nos relacionamos com o mundo no qual vivemos. Esta separação se fundamenta no pressuposto de um mundo dado, criado independente de nós, o que significa a ilusão de que é possível olhar para ele de forma neutra, objetiva, assim como explorá-lo, manipulá-lo, controlá-lo, pois não é visto como produto de nossa atividade: está aí para nos servir.

O mundo nos foi dado, portanto não somos responsáveis por ele
Uma das conseqüências desse pressuposto foi não nos sentirmos responsáveis pelas nossas ações. A responsabilidade está sempre fora de nós, no Outro, seja ele alguém de nossas relações afetivas, profissionais, o governo e até a Natureza. Nunca, por exemplo, se cobrou ética e responsabilidade do cientista, pois a atitude de separação em relação ao objeto garante que o conhecimento que ele produz é objetivo, neutro e lhe dá poder sobre os que não detêm conhecimento. Neste sentido, as escolhas políticas, econômicas, sociais, em relação à natureza etc., fundamentadas no conhecimento científico, nunca são questionadas, pois achamos que quem produz ciência, quem conhece, é também sábio. Outra conseqüência desse pressuposto é a separação entre realidade objetiva e realidade subjetiva (entendida como representação, ilusão, idéias, aparência), onde a realidade objetiva se impõe como "a realidade".

O princípio da reversabilidade e o universo-máquina
A ciência clássica, ainda, se fundamenta no princípio da reversibilidade - acredita-se que é sempre possível voltar a uma situação anterior -, nos princípios do determinismo, das relações de causa e efeito, da imutabilidade, do equilíbrio, da estabilidade - existe uma ordem natural nas coisas e qualquer elemento, em qualquer dimensão da vida, que desestabilize essa ordem, deve ser eliminado para que se estabeleça a ordem inicial. Quando trabalhamos com transgressão, marginalidade, patologia, anomia, problemas, estamos pensando a partir da visão de que há uma ordem que está sendo quebrada e que precisa ser recuperada. Esta percepção está intimanente ligada à visão de um universo máquina, composto de objetos/peças, regido por leis imutáveis. Como peças se desgastam e precisam ser consertadas ou substituídas, achamos que podemos sempre consertar ou substituir o que destruímos. Não percebemos que a vida é processo e o processo é sempre irreversível.
 
A ciência contemporânea, ou ciência da complexidade e a consciência sistêmica
Mas, se a ciência clássica é o paradigma que ainda fundamenta a visão de mundo predominante em nosso planeta, a ciência contemporânea - ciência da complexidade - pode nos dar o referencial para a mudança de percepção, para a construção de uma nova consciência - consciência ecológica, orgânica, sistêmica -, que nos auxilie na construção de um planeta sustentável, de uma vida sustentável em todas as dimensões: humana, social e dos ecossistemas.
A ciência da complexidade tem seus fundamentos na 2ª lei da Termodinâmica, na Física Quântica e Relatividade, na Concepção Sistêmica da Vida, na Teoria do Caos e na Matemática da Complexidade.

A segunda lei da termodinâmica e a irreversibilidade
A segunda lei da Termodinâmica, que no século XIX foi interpretada a partir da entropia, no século XX é reinterpretada no sentido da irreversibilidade/flecha no tempo, como o fenômeno da auto-organização espontânea, das rupturas, das evoluções no sentido de uma complexidade e diversidade crescentes. A irreversibilidade é construtiva: expressa o fenômeno da auto-organização, das coisas que nascem e morrem ou que se transformam em singularidades. Prigogine expressa a irreversibilidade através do conceito de flecha no tempo, de processo.

As incertezas, as rupturas e o caos são construtoras de novas ordens
Na ótica de Progogine, a imprevisibilidade, a incerteza, as rupturas, as bifurcações, as pequenas diferenças, imperceptíveis, são entendidas como os caminhos da natureza, o que significa dizer que são potencialmente construtoras de novas ordens. Neste sentido, ordem e estabilidade não são sinônimos de equilíbrio e nem caos e turbulência de desequilíbrio: na sua interpretação, o caos não leva à destruição, mas é (....) portador de uma complexificação infinita do mundo, a própria processualidade da ordem, ou seja,
o movimento permanente de decomposição de ordens vigentes e composição de novas ordens, em múltiplas direções, imprevisíveis.
Ordem e desordem são entendidas como elementos fundamentais do processo de construção do mundo.

A física contemporânea produz uma reviravolta : a interconexão de todos os fenômenos
Além da reinterpretação da Termodinâmica, no início do século XX, a física contemporânea produz uma reviravolta na concepção da física clássica. Mostra que o Universo não funciona como uma máquina, nem pode ser decomposto em unidades mínimas, com existência independente. Deve ser visto
(....) como um todo dinâmico e indivisível, cujas partes estão essencialmente inter-relacionadas e só podem ser entendidas como modelos de um processo cósmico.
Quer dizer, os pressupostos filosóficos da física contemporânea nos permitem perceber a interrelação e a interconexão de todos os fenômenos: físicos, químicos, psíquicos, econômicos, políticos etc. Se a física clássica tinha como centro de suas análises os objetos, a física quântica enfatiza as relações: os conceitos de rede e relação são fundamentais para pensar o Universo. Para Amit Goswami,


A natureza é um todo, dinâmico e interativo
A natureza não é uma soma de elementos isolados e estáticos, mas um complicado tecido de eventos, no qual conexões de diferentes espécies se alternam, se sobrepõem ou se combinam, de forma dinâmica, em movimento.
A mudança de enfoque, do objeto para relação, é fundamental para entender a nova visão de mundo que se impõe a partir das descobertas da física contemporânea. Segundo Bateson, a noção de relação deveria ser ensinada às crianças desde pequenas: qualquer situação deve ser definida por suas relações com outras situações e não pelo que seria isoladamente. Pensar a partir de relações é aprender a "pensar como pensa a natureza", o que nos ajudaria a viver em harmonia no nosso planeta.

Iria Zanoni Gomes - 2005


Editado e publicado neste blog com a autorização da autora por Luiz Spinola.
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