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“Quando a última árvore cair derrubada. Quando o último rio for envenenado. Quando o último peixe for pescado. Só então nos daremos conta de que o dinheiro é coisa que não se come” (Índios Amazônicos)
Nossa Terra
O sonho de um pedaço de terra
Frederico Araújo Mesquita - ecojornalista e colaborador dos Grupos-Ambiente
O sonho de todo homem sensível é um dia ser dono de “um pedaço de terra”. Coisa estranha, pois temos que comprar o que já é nosso por direito. Quando nascemos, já somos parte da Terra e necessitamos de um espaço para morar, plantar, divertir, criar bichos, preservar. E não se trata apenas de um direito natural, mas assegurado pela constituição federal, que determina à posse de terra um valor social.
O meu sonho não é diferente da grande maioria: “ter um pedaço de terra”. Um lugar não só meu, mas de todos que compartilham do mesmo espírito de preservação, cooperação e crescimento espiritual. E sou ainda mais ousado: espero um dia vibrar com a infiltração deste pensamento no coração e na alma de todo ser humano.
Este lugar teria um pouco de cada coisa, para com esse pouco suprir as necessidades e os desejos de todos. No meu espaço eu tiro leite, faço queijo, tenho minha horta. Me alimento e reparto o excedente com meus irmãos. Meu vizinho cria galinhas e colhe frutas. As galinhas se alimentam com as sobras da minha horta e do seu pomar. O esterco delas serve para minha horta e os ovos ele troca comigo pelos queijos.
De vez em quando saímos juntos para pescar e variar o cardápio, que se completa com o arroz do Seu Firmino, o feijão da Dona Carola, a soja do Nestor e o milho do Silvino. Todos abusam da água do rio (protegido pela mata ciliar) e do vento para gerar a energia que movimenta nossa tecnologia limpa: computador, televisão, internet etc. Aproveitamos também o sol para aquecer a água do banho e desidratar ervas para tempero.
O Silvino, que cultiva milho, sabe que é bom preservar outras espécies de plantas e proteger os bichos da mata, para evitar a manifestação de pragas na lavoura, sem precisar utilizar agrotóxicos. Isso porque ele tem consciência de que o feijão da Dona Carola também é livre de agentes tóxicos. E um irá consumir o produto do outro. É a lógica: manter a qualidade de seu produto e a preservação de seu terreno, para valorizar toda a cadeia alimentar.
Ah, estava esquecendo! No nosso espaço tem lugar também pro viveiro comunitário de mudas nativas. Sempre que precisamos cortar uma árvore pra lenha ou moirão, plantamos três no seu lugar. Tem fogão a lenha, que serve também para esquentar a água do banho. E temos ainda a farmácia natural, a escola ambiental, a padaria artesanal e o espaço cultural. Gostou da nossa terra? Então, quem sabe não conseguimos criar esta estrutura? Será que somos capazes? Esta é a proposta: integrar os seres vivos, unir os pensamentos e valorizar nossas potencialidades para formarmos a grande vila ecológica.Autor :
Frederico Araújo Mesquita ( Fred Caju)
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